Por Cesar Kuzma - teólogo
“Eis
que eu faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). Esta frase do livro do Apocalipse
constitui-se como uma grande promessa, que em nível de consequência teológica e
em fechamento do nosso trabalho alimenta aquilo que esperamos e que se projeta
na nossa missão de esperança, em vista do futuro de Deus. Tornar as coisas
novas e tornar o mundo e a sociedade em um novo rosto, com uma nova vitalidade,
onde se reine o amor, a justiça e a paz, faz parte da promessa da criação,
perpassa pela história salvífica, culmina nas ações de Jesus Cristo e no seu
Reino e dirige-se para o final da história. Neste final, da forma como
chegamos, olhamos para o ressuscitado que diz: “Eis que faço novas todas as
coisas”. Neste final da história teremos um final que se traduz em início de um
novo momento, de um novo estado com Deus, em comunhão de amor, em plenitude. No
fim – o início! Uma
frase pertinente de Moltmann que circulou por nosso trabalho. Somente aquele
que deu a primeira palavra pode também oferecer a última, e, portanto, tornar
novo e pleno tudo aquilo que foi criado: a realização e a plenitude de toda a
criação (cf. 1Cor 15,28; Ef 1,10). No entanto, na proposta de Reino apresentada
por Jesus e na pedagogia de um Deus que se revela e participa da nossa
história, convidando-nos a entrar em comunhão com ele, somos motivados e
fortalecidos pelo Espírito a tornar sempre novo aquilo que está a nossa volta.
A promessa de um mundo novo, onde se possa reinar o amor, a justiça e a paz não
se destinam apenas para além deste tempo e história, mas devem acontecer também
e já neste tempo e história: “na terra, como no céu” (Mt 6,10). A cruz de
Cristo que nos revela a ressurreição encontra-se presa a terra e deixa-se
iluminar pela luz do Ressuscitado. Assim, também nós, iluminados por esta mesma
luz que nos antecipa o futuro de Deus, sentimos já nesta terra, neste tempo e
nesta história aquilo que se realizará em nós junto a Deus. Em vistas desta
esperança é que a TdE (alimentada pelas promessas) e a TdL (fortalecida pela
esperança do povo) resolveram por transformar as estruturas a sua volta,
despertando na Igreja e na sociedade a inquietude para este acontecer no amor,
na justiça e na paz. Procuraram tornar novo o que não era mais novo; tentaram
dar esperança, onde esta já não existia; levaram luz, onde só havia trevas e
onde não se tinha mais sentido; falaram de esperança, em meio à morte,
violência, pobreza e destruição. A urgência desta intenção no mundo de hoje,
com todas as projeções que são feitas, socialmente e religiosamente, torna-se
latente. Faz-se necessária uma ação da esperança no horizonte daquilo que foi
prometido. Contudo, a grande riqueza que se constrói nestas teologias e que
aqui trazemos como consequência teológica é que somos chamados a participar com
Deus e não sem ele; que o futuro que nos é revelado é de Deus e com Deus e é
para ele que estamos destinados; que tudo vem dele, por ele e retorna para ele
(cf. Rm 11,36); que a esperança que nos faz agir percebe-se importante porque
ancora-se na realidade, assume-a e a transforma; ela a conduz ao ponto alto e
definitivo, onde só Deus pode dar a última palavra, uma palavra de salvação:
“vinde benditos de meu Pai...” (Mt 25,34s). Olhar para este Deus que
transparece em Jesus Cristo é se sentir tocado por um gesto de amor solidário.
É ter força, quando só vemos fraqueza; é levantar, quando por vezes caímos; é
lutar, mesmo quando perdemos. Enfim, é ter esperança. Ao fazer isso, tomamos
esta atitude de ação e esta atitude de missão porque olhamos para aquele que
venceu a morte e nos abriu o caminho da vida, da Verdadeira Vida. “A missão
está a serviço do despertar de uma esperança viva, ativa e apaixonada pelo
reino de Deus, o qual vem ao mundo para transformá-lo”. Este
é o futuro que esperamos. Hoje, caminhamos em esperança, na missão da
esperança, porque ouvimos aquele que diz: “Segue-me!” (Mt 9,9). “Eis que faço
novas todas as coisas” (Ap 21,5).
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Na foto, da esquerda para a direita: Abimar, Sinivaldo, Maria Clara, Lina, Cesar e Agenor
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