Por Cesar Kuzma - teólogo
Nesta afirmação proclamada por Jesus no monte das
oliveiras (Mt 5,6) podemos extrair inúmeras reflexões, mas, no entanto, sabemos
que nestas suas palavras revemos algumas das suas opções de vida, sobretudo, no
que diz respeito à defesa dos mais pobres, dos mais fracos, dos excluídos.
Partindo deste ponto e
aproveitando o momento especial que estamos vivenciando com o ano que se inicia
(2011) gostaríamos de reforçar este trecho do Evangelho, levando em conta
algumas das conclusões apresentadas na V Conferência do CELAM, realizada em
maio de 2007 na cidade de Aparecida/Brasil. Esta Conferência reafirmou para a
nossa Igreja o compromisso de todo o
cristão com o serviço ao mundo e o engajamento profético, enquanto povo de Deus na sociedade, principalmente
em favor da solidariedade, da justiça e da paz. A conferência de Aparecida
reacende em nós um direito e um dever adquiridos pelo Batismo: de sermos
discípulos missionários.
Quando ouvimos nas palavras de Jesus que bem-aventurados são todos aqueles que
têm fome e sede de justiça, acentuamos o valor
profético de nossa fé. Assim, o cristão
convicto transfere para a sua vida as opções assumidas pelo Jesus
histórico: luta com toda a força, procurando transformar a sociedade em que
vive, da forma como Jesus fez em seu tempo, principalmente em favor dos mais
necessitados. Este cristão não se isola em ritos, mas os vive na própria vida,
demonstrando uma fé sólida e madura,
pois fortalecido pela comunhão da Igreja
se engaja em diversos meios da sociedade, denunciando as opressões e as
injustiças. Ele é capaz de respeitar as diferenças religiosas e absorvê-las de
modo ecumênico no que for preciso.
Este verdadeiro cristão compadece-se
por quem sofre, chora com quem necessita e não se conforma com a injustiça; ao
contrário, este discípulo de Cristo
não se intimida com os poderosos, mas os despede de mãos vazias e, como Maria,
eleva os humildes (Lc 1,52). Somente assim é que o cristão sincero procura através de sua vida dar testemunho concreto
do amor de Deus, presente em nossos corações como dom da graça. Este cristão de fé se deixa guiar pelo mesmo
Espírito que guiou Cristo e que hoje sustenta a Igreja, formando um só povo e um só coração.
Desta maneira, ressaltamos o
clamor pela justiça em favor dos mais fracos, fazendo ecoar por nossa voz profética o grito dos
mártires, dos pobres e dos excluídos. Afirmamos com o CELAM de Aparecida a opção preferencial pelos pobres, marca
singular da Igreja latino-americana, portanto, compromisso de fé de toda a nossa comunidade aqui reunida.
Que nós, guiados pelo Espírito
Santo, sejamos semelhantes a nossa mãe negra de Aparecida, padroeira do Brasil.
Que possamos ao lado de São José (pai, trabalhador e operário) confirmar a
nossa esperança, de modo à por em prática a maturidade
da nossa fé. Ao fazer isso, o cristão
real reafirma o seu Batismo se tornando missionário
do Reino de Deus, apresentando-se como verdadeiro discípulo de Cristo, porque
só Nele nossos povos terão vida.
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