sábado, 23 de junho de 2012

Interview mit Jürgen Moltmann

Hallo, Freunde.
Dies ist ein Interview mit Jürgen Moltmann. Hier spricht er über die Theologie der Hoffnung und seine Rolle als Theologe.

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Olá, amigos.
Esta é uma entrevista com Jürgen Moltmann. Aqui ele fala sobre a Teologia da Esperança e a sua atuação como teólogo.

Clique no link abaixo:

http://www.bibeltv.de/12/Juergen_Moltmann_Folge_2-1821.html



Liderança cristã


O líder cristão é aquele que serve, que serve ao Reino, que segue a Cristo na perspectiva do seu Reino;
Este seguimento e este serviço se fazem caminhando, coloca-se à disposição, com abertura;
O líder cristão é aquele que sabe “diminuir”, que sabe esconder-se;
O líder cristão é aquele que não aparece, é aquele que é o menor;
O líder cristão não é a causa, não busca o reconhecimento; ele busca o Reino – É o Reino que deve aparecer e é o Reino que deve ser construído;
Todos são chamados para a construção do Reino, para a vinha do Senhor – todos são importantes! (Mt 20,1-16)


quarta-feira, 20 de junho de 2012

A teologia no universo científico e sua especificidade epistemológica

Por Cesar Kuzma - teólogo

Ao procurar relacionar a teologia dentro do universo científico e sua especificidade epistemológica este trabalho visa contribuir de modo sistemático para o porquê da teologia hoje, na intenção de se destacar a sua relevância e a sua importância, demonstrando, de modo resumido, de que forma ela se confronta com o universo científico hodierno. Faremos então uma reflexão sobre a teologia no universo científico, valorizando aquilo que lhe é próprio e como a partir de seus fundamentos ela pode dialogar com o mundo contemporâneo. Tais questões nos levarão a falar da teologia diante dos novos paradigmas acadêmicos e a maneira como os assimila e os responde. Entraremos naquilo que é o limite entre a teologia e as demais ciências, salvaguardando que a verdade que ela produz é uma verdade sustentada por uma questão de fé, própria dela mesma, que realça a sua identidade. Quando isto está bem claro, tal definição aponta para os seus objetivos e para os seus limites, para aquilo que lhe é de fato essencial no exercício que lhe condiz. 

A reflexão acima, trata-se de um capítulo de livro, de minha autoria, chamado "A teologia no universo científico e sua especificidade epistemológica". Encontra-se na obra "Teologia Pública", de Afonso Maria Ligório Soares e João Décio Passos, publicada pela Paulinas.

O livro conta com importantes reflexões a respeito da teologia no Brasil. Com certeza, é uma obra que dá um rumo importante para o debate teológico atual.

Livro, foto abaixo:


Para comprar este livro:

A esperança em Efésios



Por Cesar Kuzma – teólogo

Segundo o NT, a esperança cristã possui como objetivo principal a salvação (soteria), algo que se tornou presente e concreto na pessoa de Jesus Cristo. Isto é muito bem elucidado por Paulo em suas cartas, como também no hino da Epístola aos Efésios (Carta tradicionalmente atribuída a Paulo, mas como já se sabe hoje, não é de Paulo):

Bendito seja o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo,
que nos abençoou com toda a sorte
de bênçãos espirituais,
nos céus, em Cristo.
Nele nos escolheu
antes da fundação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis
diante dele no amor.
Ele nos predestinou para sermos
seus filhos adotivos por Jesus Cristo,
conforme o beneplácito da sua vontade,
para louvor e glória da sua graça
com a qual ele nos agraciou no Amado.
E é pelo sangue deste que temos a redenção,
a remissão dos pecados,
segundo a riqueza de sua graça,
que ele derramou profusamente sobre nós,
infundindo-nos toda sabedoria e inteligência,
dando-nos a conhecer
o mistério da sua vontade,
conforme decisão prévia que lhe aprouve tomar
para levar o tempo à plenitude:
a de Cristo encabeçar todas as coisas,
as que estão nos céus e as que estão na terra.
Nele, predestinados pelo propósito
daquele que tudo opera
segundo o conselho da sua vontade,
fomos feitos sua herança,
a fim de servirmos para seu louvor e glória,
nós os que antes esperávamos em Cristo.
Nele também vós,
tendo ouvido a Palavra da verdade
o evangelho da vossa salvação
e nela tendo crido,
fostes selados pelo Espírito da promessa,
o Espírito Santo,
que é o penhor da nossa herança,
para a redenção do povo que ele adquiriu
para seu louvor e glória (Ef 1, 3-14).

Ao analisarmos brevemente este texto, podemos observar que já há na sua teologia uma certeza produzida pela esperança. Dizemos aqui que já é um reflexo da experiência espiritual do próprio autor (ou comunidade primitiva – influenciada pela experiência de Paulo)[1]. Paulo sempre utiliza o termo grego elpis para caracterizar a sua esperança, porém a reafirma mediante os conceitos do AT. Assim, ousamos dizer aqui que se trata de uma espera confiante e perseverante. Algo que é sustentado pela revelação de Cristo contida na cruz e na ressurreição. Neste hino de Efésios, o autor sintetiza todo o mistério salvífico contido na encarnação de Jesus, para isto, ele demonstra a vontade salvífica de Deus atuante desde a eternidade: “nos escolheu antes da fundação do mundo”. Esta vontade salvífica se sustenta por toda a história e culmina com Cristo, nosso Deus e Senhor, conforme Paulo escreveu em outra carta: “A imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). É reforçado o destino humano para com Deus, sustentado na esperança da salvação e, ressaltado pela filiação divina. Tudo, porém, acontece por obra da graça, fruto do amor de Deus, “com a qual ele nos agraciou no Amado”.
Esta encarnação, obra amorosa de Deus, encaminha a humanidade à sua remissão completa. Tudo que foi assumido pelo Filho será redimido, dirão os Padres da Igreja[2]. Assim, confirmamos que, Cristo é a Palavra viva do Pai, é o Logos eterno, Evangelho da nossa salvação, que sela pelo Espírito Santo a consumação de toda a criação. Cristo assume a humanidade no desejo de que a humanidade compartilhe da sua divindade, só assim, Cristo será tudo em todos (cf. 1Cor 15,28). Trata-se do mistério da verdade, escondido desde antes da criação do mundo e revelado agora para a salvação de todos e para a glória de Deus Pai. Segundo essa teologia a nossa esperança tem endereço certo e por essa razão se confirma. É algo seguro capaz de nos transformar em novos seres, portadores de uma nova vida. Vejamos isso de maneira mais detalhada a partir de trechos extraídos do hino:

1) Filhos adotivos por Jesus Cristo: Esta adoção se concretiza pela encarnação do Filho, para a qual Deus nos predestinou desde toda a eternidade, a ponto de sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo. Somos desta forma, cobertos de bênçãos espirituais em que o próprio Deus, em Cristo, decide por fazer parte da nossa humanidade. Ao assumi-la, Ele se torna igual a nós e, evidentemente, torna-nos iguais a Ele[3]. É uma proximidade única que nos direciona para um lugar definitivo, pois o endereço do filho sempre será na casa do Pai. No momento que aceitamos isso, adquirimos a confiança necessária para se comprometer com o plano de Deus para toda a humanidade. Percebemos, então, que o nosso futuro está com Deus e em Deus. Ele é a nossa força e a nossa esperança.

2) Redenção e remissão pela graça: “E é pelo sangue deste que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça” (Ef 1,7). Esperamos deste modo o perdão e a justificação de toda a falta e de todo o pecado. Somos justificados pelo seu amor. Em Cristo todos morremos. Ele assume a nossa morte em sua morte, se faz pecado para do pecado nos libertar. Esta sua ação reflete em toda a humanidade que foi de uma vez por todas marcada e redimida com o seu sangue. A cruz possui um significado ainda maior porque reflete a ressurreição, que é o grande sinal de salvação, o sinal da certeza. É neste ponto que se situa a esperança cristã, no entanto ela não rejeita a cruz, visto que o Ressuscitado é antes o Crucificado. O ponto principal da esperança cristã aqui é a justificação do pecador, fruto da graça divina[4]. E, para o autor da epístola, esta remissão acontece de forma gratuita em Cristo: “Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo – pela graça fostes salvos! – e com ele nos ressuscitou...” (Ef 2,4-6).

3) Do tempo à plenitude: Deus se tornou tempo para que o tempo se tornasse eterno. Este é o kairós responsável pela nossa salvação. A esperança cristã se confirma na Parusia, vinda gloriosa de Cristo, que pela sua ressurreição inaugura um novo tempo, uma nova humanidade, que chegará à sua plenitude, onde Cristo passará a ser tudo em todos (cf. 1Cor 15,28) e entregará tudo ao seu Pai, para sua eterna glória. Assim se completará a obra da salvação e a criação chegará ao seu fim, que não é um fim-fim, mas um fim-para, para o eterno. O marco deste fato, o momento kairós é a ressurreição de Cristo, que abre definitivamente à história da criação o seu futuro escatológico, conforme a mesma carta confirma mais adiante: “O que desceu é também o que subiu acima de todos os céus, a fim de plenificar todas as coisas” (Ef 4,10). Nesta perspectiva, Cristo é a chave deste futuro. Ele se torna o Éschaton, pois assume em seu ser a plenitude da vida e, com isso, a plenitude do tempo, que rompido para sempre se torna eterno.

4) A herança do Filho: Por obra da graça somos herdeiros de todos os bens espirituais que Cristo deixou. Como aparece também em Romanos: “E se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, pois sofremos com ele para também com ele sermos glorificados” (Rm 8,17). Somos também os destinatários do Reino e do seu Evangelho, que em sua mensagem nos traz a salvação eterna. Portanto, a nossa esperança desta salvação consiste no fato de que em Cristo, somos herdeiros de uma vida nova, que com Ele nos revestimos do Homem Novo, criado segundo Deus na justiça e santidade da verdade (cf. Ef 4,24).

5) Cristo, o Evangelho da salvação: A expressão Evangelion é uma palavra predominantemente paulina. Das 76 ocorrências no NT 60 são dentro do corpo de suas cartas. É uma palavra-chave da sua teologia e da maneira como assume a posição de apóstolo, decidindo por toda a sua vida evangelizar. Isto significa levar a Boa Nova, a novidade que Cristo traz. Ele enriquece o conteúdo do evangelho como força de salvação. Para Paulo somente o evangelho de Cristo justifica e defende a fidelidade a Deus[5]. Por certo, a nossa esperança se fundamenta em Cristo. Seu Evangelho se torna uma força capaz de transformar a nossa vida e a vida ao redor, levando à plenitude toda a obra da criação. O evangelho de Cristo é um sinal visível de salvação, portanto, de esperança. Cristo é a pedra angular (cf. Ef 2,20). Nele somos edificados para sermos habitação de Deus, no Espírito (cf. Ef 2,21).

6) Selados pelo Espírito da promessa: O que solidifica a nossa certeza, que nos impulsiona a fé, é a marca que trazemos do Espírito Santo. É impossível haver esperança sem que haja a ação do Espírito. Foi Ele quem falou outrora pelos profetas, que guiou a Cristo e que hoje conduz a Igreja. Ele é que nos conduz pelo caminho verdadeiro e nos direciona a plenitude do Reino. Para a comunidade paulina a certeza do Espírito era tão importante quanto à certeza da ressurreição de Cristo. Estas duas coisas estavam totalmente interligadas. É a marca do cristão, que pela promessa assegura-se na sua esperança, que no Espírito sempre se renova[6]. Frisamos aqui a palavra promessa porque ela só pode ser compreendida como evento de revelação de Deus à luz do Espírito Santo.
                       
            Assim, partindo deste hino cristão da Epístola aos Efésios, ousamos alicerçar a esperança na promessa de salvação de Deus que foi concretizada em Jesus Cristo. Ele é a nossa esperança. Somente por meio Dele podemos ser chamados de filhos. Temos em Cristo um irmão maior, que por amor nos redimiu e fez cumprir em nós as primícias do Espírito (cf. Rm 8,22-24). Somos agora herdeiros de uma nova vida que se inicia, é um novo tempo que advém e transforma o que era velho em novo. Este é o Evangelho de Jesus Cristo. Este é o Evangelho da Promessa, capaz de despertar em nós a esperança para um futuro que irrompeu no Cristo ressuscitado, mas que para nós ainda não é vislumbrado totalmente. Vivemos, então, pelo Espírito da promessa, ansiando a libertação definitiva.



[1] DUNN, J. D. A teologia de Paulo, p. 499-500.
[2] É uma expressão muito usada na Patrística, porém ilustramos aqui com uma bela passagem de Gregório de Nazianzeno (329-390), uma poesia que retrata a natureza humana: “... finalmente o Cristo, que uniu a sua natureza à nossa para trazer socorro a meus sofrimentos através de seus divinos sofrimentos, para divinizar-me graças a sua condição humana”. GREGÓRIO NAZIANZENO. Poema sobre a natureza humana. In: GOMES, C. F. Antologia dos Santos Padres, p. 192.
[3] Colocamos o adjetivo igual por entendermos que sua encarnação não o deixa apenas semelhante a nós, mas o fez verdadeiramente um ser humano, como atesta o credo cristão.
[4] Sobre as implicações acima mencionadas e que são resultados da morte expiatória de Jesus, ponto importante da teologia paulina, indicamos: DUNN, J. D. G. Op. cit., p. 251-280. Cf. tb.: KESSLER, H. Cristologia. In: SCHNEIDER, T. (Org.). Manual de dogmática, p. 253-257, v. 1. Sobre a graça, indicamos: MIRANDA, M. F. A salvação em Jesus Cristo, p. 107-113. BOFF, L. A graça libertadora do mundo. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1977. PESCH, O. H. Graça. In: Dicionário de conceitos fundamentais de teologia, p. 327-332. LA PEÑA, J. L. R. Graça. In: Dicionário de conceitos fundamentais do cristianismo, p. 319-325. E, por fim, dois clássicos agostinianos: AGOSTINHO. A graça I. Trad. Agustinho Belmonte. 2. ed. São Paulo: Paulus, 1999. Id. A graça II. Trad. Agustinho Belmonte. São Paulo: Paulus, 1999.
[5] DUNN, J. D. G. Op. cit., p. 203-207.
[6] Para maiores informações sobre a compreensão do Espírito Santo e a Esperança em Paulo, consultar a seguinte obra já citada anteriormente: DUNN, J. D. G. Op. cit., p. 472-502.

Hino da caminhada dos mártires – Dom Pedro Casaldáliga



Cantamos o sangue
Dos nossos melhores,
A prova maior!
Cobramos as flores,
De suas feridas
Vivemos a vida
Que a morte ceifou!

Fizeram da morte
Dos pobres da terra
A causa e o risco:
Estranho cantar!
Venceram a morte
Martírio em Rosário
Ganharam a guerra
Forjaram a paz!
O Deus companheiro
O índio primeiro,
O negro na raça,
E a forte mulher,
O firme operário,
O audaz lavrador,
Quem luta no amor
Não pode morrer!

No altar e nos braços
Erguemos, remidos,
Seus corpos caídos,
Seus sonhos, seus passos,
Serão caminhada!
Memória seremos!
Mais altas faremos
As vozes caladas!
Será uma torrente
De sangue assumido.
Será continente
Da América, unido
Na mesma Paixão
A terra do Novo
O dia do Povo
– A Libertação;

E, quanto souberam
Ser gente da gente
Ser vida-sementes
De um mundo melhor
No sonho de amor
De nossos caídos
Nos punhos erguidos
Matamos a dor.

No Reino do céu
Da morte vencida
A vida, a vida
Dos filhos de Deus!



Ao meditarmos esta belíssima poesia de Dom Pedro Casaldáliga, fica para nós aqui, a marca da esperança. Uma esperança que se desvela e que se concretiza na história do povo da América Latina, que se faz sentir nas vicissitudes da vida e que se alimenta do cotidiano de homens e mulheres que caminham na fé; uma fé que faz viver e que liberta, que traz esperança. Com razão, o poeta, bispo e teólogo, diz: “No Reino do céu/ Da morte vencida/ A vida, a vida/ Dos filhos de Deus”.




Segue vídeo, com palavras de Dom Pedro Casaldáliga (Romaria dos Mártires - 2006):