Por Cesar
Kuzma – teólogo
O
Espírito Santo é quem congrega e anima as comunidades: Após a morte e
ressurreição de Jesus Cristo, a comunidade que se inicia com os discípulos,
fortalece-se com a ação do Espírito Santo (Pentecostes), enviado como
Paráclito, mas também como animador da fé (guardião e animador), e passa a agir
no mundo na perspectiva do Reino. Para tanto, a comunidade, ao atuar, não faz
isso sozinha, faz com a ação do Espírito, refletindo em si mesma a importância
do lado comum e da união entre os membros que juntos formam o corpo de Cristo,
a comunidade, o povo de Deus (cf. 1Cor 12,12-13). Portanto, o Espírito que se
faz presente nas comunidades, que é o mesmo Espírito de Cristo, atua de dois
modos específicos: no congregar e no animar. No congregar, o Espírito traz à comunidade
a proposta de comunhão, forma trinitária, que é comunidade de amor. A
comunidade cristã que nasce torna-se, então, reflexo da Trindade, espelhando em
seus membros este aspecto unitário e de amor. No congregar, o Espírito não
anula as individualidades presentes nos membros da comunidade, antes ele as
favorece e as eleva, colocando-as na sua importância e em serviço. Presenteia
cada individualidade com dom e carisma, que devem ser colocados em benefício da
comunidade e para a edificação da mesma (1Cor 12,7). Somente uma comunidade que
se congrega no amor do Espírito tem a capacidade de acolher o plano de Deus Pai
e sair na continuidade da missão do Filho, rumo ao futuro, em favorecimento da
vida, e vida plena. Somente uma comunidade que se deixa transformar pela força
do Espírito pode manter-se em unidade e ser sinal e testemunho de Deus no mundo
em que está presente. No animar, o Espírito utiliza-se de dons e carismas que
devem ser usados para o benefício de todos. A um o Espírito dá o dom das curas,
a outro o dom da profecia, a outro o dom da ciência... (cf. 1Cor 12,4-11),
todos estes dons, porém, devem ser usados para o serviço da comunidade, para a
ação, visam agir no mundo para transformar o mundo, trazendo ao mundo a
proposta do Reino, que vem com Deus e seu futuro, mas que já encontra e deixa a
sua marca no presente. No animar, o Espírito nos relembra as coisas que Jesus
disse e fez e nos provoca a agir em seu testemunho, na prática, na profecia, em
vista do bem comum, da justiça e da paz. No animar, o Espírito, como paráclito,
reforça em nós a afirmação: “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus”
(Fl 2,5); assim, a comunidade deve fazer como Cristo, que se despojou,
rebaixou-se para assumir a humanidade. No animar, o Espírito não nos esconde no
interior da comunidade, mas nos conduz aos desafios da humanidade, nas
estranhezas e condições do mundo, para que possamos ser ali instrumentos de
mudança, sementes do Reino, força de transformação. Dons e carismas, oferecidos
pelo Espírito à comunidade, não servem a alguém, mas nos colocam no caminho do
serviço, no caminho de Cristo, no caminho do Reino, no caminho da paz.