quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O Espírito Santo é quem congrega e anima as comunidades




Por Cesar Kuzma – teólogo


O Espírito Santo é quem congrega e anima as comunidades: Após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, a comunidade que se inicia com os discípulos, fortalece-se com a ação do Espírito Santo (Pentecostes), enviado como Paráclito, mas também como animador da fé (guardião e animador), e passa a agir no mundo na perspectiva do Reino. Para tanto, a comunidade, ao atuar, não faz isso sozinha, faz com a ação do Espírito, refletindo em si mesma a importância do lado comum e da união entre os membros que juntos formam o corpo de Cristo, a comunidade, o povo de Deus (cf. 1Cor 12,12-13). Portanto, o Espírito que se faz presente nas comunidades, que é o mesmo Espírito de Cristo, atua de dois modos específicos: no congregar e no animar. No congregar, o Espírito traz à comunidade a proposta de comunhão, forma trinitária, que é comunidade de amor. A comunidade cristã que nasce torna-se, então, reflexo da Trindade, espelhando em seus membros este aspecto unitário e de amor. No congregar, o Espírito não anula as individualidades presentes nos membros da comunidade, antes ele as favorece e as eleva, colocando-as na sua importância e em serviço. Presenteia cada individualidade com dom e carisma, que devem ser colocados em benefício da comunidade e para a edificação da mesma (1Cor 12,7). Somente uma comunidade que se congrega no amor do Espírito tem a capacidade de acolher o plano de Deus Pai e sair na continuidade da missão do Filho, rumo ao futuro, em favorecimento da vida, e vida plena. Somente uma comunidade que se deixa transformar pela força do Espírito pode manter-se em unidade e ser sinal e testemunho de Deus no mundo em que está presente. No animar, o Espírito utiliza-se de dons e carismas que devem ser usados para o benefício de todos. A um o Espírito dá o dom das curas, a outro o dom da profecia, a outro o dom da ciência... (cf. 1Cor 12,4-11), todos estes dons, porém, devem ser usados para o serviço da comunidade, para a ação, visam agir no mundo para transformar o mundo, trazendo ao mundo a proposta do Reino, que vem com Deus e seu futuro, mas que já encontra e deixa a sua marca no presente. No animar, o Espírito nos relembra as coisas que Jesus disse e fez e nos provoca a agir em seu testemunho, na prática, na profecia, em vista do bem comum, da justiça e da paz. No animar, o Espírito, como paráclito, reforça em nós a afirmação: “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5); assim, a comunidade deve fazer como Cristo, que se despojou, rebaixou-se para assumir a humanidade. No animar, o Espírito não nos esconde no interior da comunidade, mas nos conduz aos desafios da humanidade, nas estranhezas e condições do mundo, para que possamos ser ali instrumentos de mudança, sementes do Reino, força de transformação. Dons e carismas, oferecidos pelo Espírito à comunidade, não servem a alguém, mas nos colocam no caminho do serviço, no caminho de Cristo, no caminho do Reino, no caminho da paz.

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