quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A esperança cristã

Por Cesar Kuzma – teólogo

Falar de esperança é falar da força positiva que nos faz caminhar rumo a um horizonte, onde apenas a alegria de estar caminhando já é, de certa forma, uma experiência transformadora. É uma força que transcende toda e qualquer experiência humana; é uma expectativa que aspira algo supremo, intocável, infinito. Porém, ao mesmo tempo em que se volta ao absoluto, ela se alimenta do cotidiano da história e interage em meio a ela, transforma-a.

Quando a esperança é compreendida como virtude teologal, ela nunca será uma fuga da realidade, mas força de transformação da mesma. Por esta razão, torna-se difícil descrevê-la, antes é preciso se deixar envolver por ela para desfrutar no presente, um kairós vivificante e anunciador de um ainda não futuro. Por isso, as promessas escatológicas (passado), se transformam em prelúdios e anúncios futuros, nos quais é vislumbrado – mesmo que precocemente – um ainda não (futuro), que preconiza, por assim dizer, um eterno presente.
           
No entanto, vale destacar que, aquilo que é objeto de nossa esperança no futuro, aquilo que esperamos e que nos faz caminhar em missão só pode ser compreendido através de Cristo, que traz à humanidade a face amorosa deste Deus que vem e nos oferece a sua salvação, convida-nos à morada eterna, à plenitude. Por esta razão, a nossa fé é advento, é espera; vive-se hoje o gérmen da ressurreição, já realizada em Cristo e, por ele, antecipada a nós pela fé.

O desafio que nos coloca a missão cristã hoje está em encontrar o lócus desta esperança na atual sociedade, com todas as suas pluralidades e complexidades; num mundo de aflição, violência, morte e cultura imediatista; num mundo carente de sentido e de frente ao nihil (ao vazio, ao nada). Se a esperança é a esperança da fé e a fé é vivida neste mundo, aonde Cristo veio e inaugurou o seu Reino, então é neste mundo, com todas as suas variações e situações que devemos atuar como sal da terra e luz do mundo, sendo sinal e prova desta esperança. É neste mundo que somos convidados, enquanto Igreja, comunidade de fé e povo de Deus, a viver e alimentar esta esperança coletivamente, pois aquilo que esperamos se espera para todos, e com todos.

Eis uma breve reflexão daquilo que entendemos como esperança cristã.

Na esperança!

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