Por Cesar Kuzma – teólogo
Falar
de esperança é falar da força positiva que nos faz caminhar rumo a um
horizonte, onde apenas a alegria de estar caminhando já é, de certa forma, uma
experiência transformadora. É uma força que transcende toda e qualquer
experiência humana; é uma expectativa que aspira algo supremo, intocável,
infinito. Porém, ao mesmo tempo em que se volta ao absoluto, ela se alimenta do
cotidiano da história e interage em meio a ela, transforma-a.
Quando
a esperança é compreendida como virtude teologal, ela nunca será uma fuga da realidade,
mas força de transformação da mesma. Por esta razão, torna-se difícil
descrevê-la, antes é preciso se deixar envolver por ela para desfrutar já no presente, um kairós vivificante e anunciador de um ainda não futuro. Por isso, as promessas escatológicas (passado),
se transformam em prelúdios e anúncios futuros, nos quais já é vislumbrado – mesmo que precocemente – um ainda não (futuro), que preconiza, por assim dizer, um eterno
presente.
No
entanto, vale destacar que, aquilo que é objeto de nossa esperança no futuro,
aquilo que esperamos e que nos faz caminhar em missão só pode ser compreendido
através de Cristo, que traz à humanidade a face amorosa deste Deus que vem e
nos oferece a sua salvação, convida-nos à morada eterna, à plenitude. Por esta
razão, a nossa fé é advento, é espera; vive-se hoje o gérmen da ressurreição, já realizada em Cristo e, por ele,
antecipada a nós pela fé.
O
desafio que nos coloca a missão cristã hoje está em encontrar o lócus desta esperança na atual
sociedade, com todas as suas pluralidades e complexidades; num mundo de
aflição, violência, morte e cultura imediatista; num mundo carente de sentido e
de frente ao nihil (ao vazio, ao
nada). Se a esperança é a esperança da fé e a fé é vivida neste mundo, aonde
Cristo veio e inaugurou o seu Reino, então é neste mundo, com todas as suas
variações e situações que devemos atuar como sal da terra e luz do mundo, sendo
sinal e prova desta esperança. É neste mundo que somos convidados, enquanto
Igreja, comunidade de fé e povo de Deus, a viver e alimentar esta esperança coletivamente, pois aquilo que esperamos
se espera para todos, e com todos.
Eis
uma breve reflexão daquilo que entendemos como esperança cristã.
Na
esperança!
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